Setor de Construção Civil perde mais de 15 mil operários no Amazonas
- Redação AM24H
- 6 de jul. de 2021
- 3 min de leitura
Apesar dos 15.536 trabalhadores demitidos no estado em 2020, representante do setor acredita em uma recuperação no segundo semestre deste ano

Manaus - O ramo da Construção Civil no Amazonas foi um dos grandes afetados pela pandemia de Covid-19. Além do aumento no preço dos materiais e da paralização de canteiros de obras, houve também alta no número de desemprego. Em 2020, 15.536 trabalhadores do setor foram desligados no estado, enquanto, em 2019, o montante foi de 12.768, demonstrando uma perda de 21,6% nos postos de trabalho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Indicadores também mostram que, no primeiro semestre deste ano, 5.998 trabalhadores foram admitidos e 5.209 foram desligados, gerando um saldo de 789 empregos mantidos até agora.
Segundo o engenheiro civil Hiran Galvão Junior, 34, o ano de 2020 para a construção começou com uma promessa grande por parte do comércio, com muitos investidores injetando dinheiro na área, além de alta na procura de clientes particulares. Mas, como relata, o segmento é muito sensível à economia, sendo o primeiro a perceber o ânimo financeiro, e também o principal a sofrer com o desânimo.
"Muitos estabelecimentos, com os quais a construção civil se relaciona, ficaram interditados, sem poder atender. Porque a construção não se resume apenas a canteiro de obras, mas também a secretarias, instituições financeiras e clientes. Com a baixa produção e atividade comercial, acaba atrasando e refletindo na Construção Civil. Houve um engessamento e o setor foi obrigado a parar" engenheiro civil, Hiram Galvão Jr
Mesmo afastado dos canteiros, o que ajudou a renda de Galvão nesse período foram os serviços técnicos, como a elaboração de projetos e intermediação de trabalhos em entes governamentais. “A gente conseguiu buscar nossa renda mensal nesses serviços simples e menores. Nada próximo do médio e grande porte. Mas agora o mercado está voltando a aquecer retornando ao normal. Os postos de trabalho estão começando a crescer, meio tímidos, porém, expansivos se comparados a 2020. Já temos condomínios sendo entregues nesse primeiro semestre”, ressalta o engenheiro.

Custos de construção
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Amazonas (Sinduscon-AM), Frank Souza, no primeiro trimestre de 2021 o setor já está percebendo uma estabilidade nos preços dos materiais de construção que, no mesmo período do ano passado, estavam aumentando de forma acelerada.
Até maio deste ano, o Índice Nacional de Custo da Construção Civil (INCC) havia subido 0,85% no Amazonas, conforme última atualização feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado dos últimos 12 meses, a taxa é de 15,72%, acima dos 14,81% registrados nos doze meses imediatamente anteriores, e o maior da série histórica.
Para Souza, entretanto, o temor que os empresários tiveram da escalada dos preços tende a se equilibrar no segundo semestre de 2021 e superar 2020.
"Você não aplica um desenvolvimento de uma determinada obra, seja ela imobiliária ou pública, sem a certeza da escalada desses preços. O que se nota é que, tanto a escassez dos produtos quanto o aumento de preço, estão diminuindo. O mercado está quase equilibrado. Não é mais o preço que tínhamos em março e junho de 2020, já é um valor atualizado que está levando o empresário a ter mais confiança em fazer um novo lançamento" presidente Sinduscon-AM, Frank Souza
O presidente do Sinduscon ainda salienta que a Construção Civil trabalha com números do passado, ou seja, “se eu contratei uma obra no início de 2020, por exemplo, ela tinha um preço de material que equilibrava com os índices inflacionários e com a mão de obra [da época]. Como houve uma descolada dos preços dos insumos, consequentemente alcançou os valores aplicados ali, então o índice de correção não acompanhou a subida dos preços dos materiais. Esse mercado se retraiu, lançou menos e consequentemente vendeu menos”, finaliza Souza.
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