Repórter chora ao relatar venda de água a R$ 93 em tragédia no litoral de SP

A tragédia no litoral paulista já é considerada uma das maiores da história do estado

Um vídeo que circula nas redes sociais, nesta terça-feira (21), mostra um repórter emocionado ao relatar o que viu na tragédia ocorrida em São Sebastião, litoral de São Paulo, que foi acometida por uma enxurrada com grande volume de água.

Walace Lara, repórter da TV Globo, não conseguiu conter as lágrimas ao denunciar comerciantes que se aproveitavam da situação de emergência para lucrar com a venda de água no valor de R$ 93 o litro.

“A gente fica pensando que, nessas horas, vemos muitos gestos de generosidade, mas também muita ganância”, disse Lara, emocionado.

Logo em seguida, o repórter tenta se recompor para voltar a conversar com a apresentadora Sabrina Simonato. “Desculpa, gente, eu vou respirar aqui e vou falar. Eu estive ontem em uma comunidade em São Sebastião, onde tem pelo menos 100 pessoas voluntárias tirando lama de dentro das casas. Um situação muito difícil para a gente ver, para acompanhar. A cidade não tem estrutura, então é tudo muito difícil, muito complicado”, desabafou.

“E desculpa, mas é difícil ouvir um depoimento como a gente ouviu agora e não se emocionar. Cobrar R$ 93 em um litro de água na situação em que estamos aqui, é inacreditável”, disse Lara se referindo à entrevista que fez à moradora Suzan Tavares, da praia de Boiçucanga, que denunciou o aumento exorbitante no preço de alimento e água mineral.

Tragédia

A enxurrada que atingiu os municípios do litoral norte de São Paulo é considerada uma das maiores tragédias da história do estado, segundo o governo. Com 40 mortes confirmadas, o temporal foi também o maior acumulado de chuva que se tem registro no país, com 682 milímetros (mm) e um rastro incalculável de destruição.

A tragédia no litoral de São Paulo teve o maior volume de chuva registrado no Brasil (Foto: Rovena Rosa/ABr)

Ainda há 40 pessoas desaparecidas, com mais de 1.730 desalojados e 766 desabrigados. Dos mortos, 39 foram em São Sebastião e um em Ubatuba. Equipes do município com psicólogas e assistentes sociais fazem um trabalho de acolhimento dos familiares das vítimas. Sete corpos foram identificados e liberados para o sepultamento. São dois homens adultos, duas mulheres adultas e três crianças.

O acumulado de chuva nas cidades do litoral norte paulista superou o de Petrópolis, em 2022, na região serrana do Rio de Janeiro, que teve o acumulado de 530 milímetros de chuva em 24 horas.

O município de São Sebastião foi um dos mais afetados, com deslizamentos de encostas, alagamentos e bairros isolados devido à interdição de ruas.