Iranduba explode no número de assassinatos em 2021
- Redação AM24H
- 7 de jan. de 2022
- 3 min de leitura
População reclama que falta de estrutura na cidade tem colaborado para o cometimento de crimes

Os números superam 2020, registrando 297 e 2019 com 176, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP), considerando os dados oficiais divulgados no site do órgão. | Foto: Phil Limma.
Iranduba (AM) - O interior do Amazonas bateu recordes nos índices de homicídios em 2021. Os números superam 2020, registrando 297 e 2019 com 176, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP), considerando os dados oficiais divulgados no site do órgão.
Um dos municípios que, sem dúvidas, obteve um aumento expressivo no número de assassinatos foi Iranduba (distante 30 quilômetros de Manaus), que teve 18 casos em 2019, 16 em 2020 e fechou 2021 com 52 homicídios, o maior índice registrado, dente os 62 municípios do Amazonas, com exceção de Manaus, que teve 857 assassinatos.
Medo
Alguns dos casos tiveram estreita ligação com a famosa execução por acerto de contas do tráfico de drogas na área. Tanto na sede da cidade, como no distrito do Cacau Pirêra. Tantas mortes, deixaram a população em estado de alerta.
A dona de casa Raimunda Fernandez, 43 anos, mora no bairro Nova Veneza, no Cacau Pirêra. De acordo com ela, o distrito nunca esteve tão violento.
“E eu nunca estive tão assustada. Moro aqui vai bem dizer uns dez anos e é toda hora gente morrendo, esse pessoal se matando. Quero ir embora. Mudar com meu filho pequeno para outro lugar”, afirma.
Carlos Torres, 33 anos, é comerciante e tem uma pequena banca de frutas no Centro de Iranduba. Para ele, a falta de infraestrutura em ruas da cidade e lugares com pouca iluminação contribuem para a violência.
“Muito lugar aqui no escuro, sem asfalto, transporte coletivo uma bomba e o Prefeito não cria vergonha e resolve logo isso, tudo fica difícil. Eu sei que a segurança não é com ele, mas se não tiver rua iluminada, tudo desse jeito, pior vai ficar”, explica.
Do bairro Graça Lopes, Silvia Ramos, estudante, 18 anos, afirma estar amedrontada com os índices de violência. De acordo com ela, ir e voltar da escola tem sido complicado, à noite.
“Vivemos num inferno. Já falta água, asfalto, iluminação, tudo. E ano passado foi terrível porque era muita gente morrendo. Volto da escola de noite e venho para casa apavorada”, desabafa.
O autônomo Tássio Sales, 38 anos, mora no bairro Altos de Nazaré (Mutirão) e afirma que a violência por lá, também não está fácil.
“Um dia desses metralharam um cara aqui perto de casa e você vê muita parede pichada com mensagens de facção. Como fala por aqui ‘Tá tudo dominado’”, diz.
Repercussão
Um dos homicídios de repercussão em 2021, em Iranduba, foi a execução de Gério da Silva Aguiar, de 37 anos, conhecido como “Bicudo”, com cinco tiros na cabeça nas proximidades do Distrito de Cacau Pirêra.
De acordo com populares, um carro vermelho chegou ao bairro Mutirão e dois criminosos desceram do veículo e foram até a casa da vítima. Em seguida, foram efetuados os disparos no rosto do homem, que morreu na hora.
Marcado para morrer
Ainda de acordo com populares, os criminosos já teriam visitado a região dias antes para localizar a casa e, "Bicudo" foi marcado para morrer. De acordo com um morador que não quis ser identificado, a vizinhança ficou apavorada.
"Foi um choque, todo mundo conhecia o 'Bicudo' aqui e, de repente, uma coisa dessas acontece", disse.
Segundo consta no registro de Boletim de Ocorrência da 31ª Delegacia de Polícia Interativa (DIP) de Iranduba, o homicídio foi comunicado por uma guarnição da Polícia Militar. Os responsáveis pelo crime fugiram e a polícia segue nas investigações.
Avaliação
Para o cientista político Helso Ribeiro é alarmante o número de homicídios no Estado e ainda são necessárias mais ações efetivas que não só o combate a violência.
“Infelizmente, não tem baixado esse número de homicídios, mesmo tendo resultados positivos como apreensão de drogas, combate ao furto e a violência contra as mulheres. Porém, em termos de homicídios ainda estamos ‘patinando’... Enquanto não diminuirmos o desemprego, a miséria, baixa escolaridade, a gente vai ter esse reflexo na violência. Não é um problema isolado. Não é apenas essa violência. Precisamos adequar uma política transdisciplinar do poder público para o êxito nesse combate”, explicou o cientista.
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