Doenças do tambaqui deixam produtores e consumidores em alerta no AM
- Redação AM24H
- 19 de jul. de 2021
- 4 min de leitura
A Embrapa alerta sobre as enfermidades do tambaqui, que necessitam de uma série de cuidados por parte do piscicultor e são causados, principalmente, por parasitas

O tambaqui é considerado um dos peixes mais saborosos e consumidos da Amazônia, possuindo diversas possibilidades de preparo.
Seja sendo criado em viveiro ou no rio, o peixe sempre vai ter um consumidor que está disposto a comprar para assar naquele almoço especial de domingo. No entanto, o que muitos não sabem, é que a falta de cuidado em criadouros pode ser um risco para esses peixes e pode trazer uma série de enfermidades para os peixes.
As enfermidades do tambaqui são mais comuns do que se imagina, e já estão sendo estudadas por meio de um projeto da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que busca entender a principal doença que dar nesses peixes e suas causas.
O que foi descoberto, até então, é que os parasitas - internos e externos - são os principais responsáveis por essas enfermidades e que podem adoecer um viveiro inteiro.
A pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental, Cheila de Lima Boijink, revelou ao que os principais problemas sanitários do tambaqui, relatados atualmente pelos produtores, são causados por parasitas, e o mais frequente deles é o acantocéfalo, parasita interno que se fixa no intestino do peixe, e causa uma séria de problemas a saúde do animal.

Além dele, outros parasitas externos também têm sido relatados - o argulus - “piolho de peixe” e o Piscinoodinium – “doença do veludo”, que ficam na superfície do corpo do animal e também nas brânquias. Apesar de os parasitas serem mais frequentes, bactérias e fungos também podem causar adversidades aos animais.
A pesquisadora conta que causas das enfermidades podem ser diversas. Normalmente, podem acontecer por conta da água, resíduos de ração e até da falta de oxigênio na água que podem acontecer em dias mais nublados.
"As causas destas enfermidades são as mais variadas, mas geralmente é causa por alterações na água, excesso de matéria orgânica, alterações na temperatura, falta de oxigênio e outra causa é o estresse em decorrência de um manejo inadequado, um exemplo é o transporte, passagem de rede, uso de ração inadequada, entre tantos outros" Cheila de Lima Boijink, pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental
Quais os sintomas?

Os sintomas que merecem atenção por parte do piscicultor são os mais diversos. Cheila revela que tem muitas formas de descobrir se os peixes estão doentes ou não. Até porque eles apresentam um comportamento diferenciado em relação aos que não estão apresentando alguma doença.
Alguns dos sintomas são: alteração no comportamento dos peixes; natação diferente; se os peixes ficam mais na superfície da água do que no fundo; se não se alimentam; perda de peso; lábio inferior protuberante; uma cor alterada; nado lento; excesso de muco ou qualquer outra outra alteração que não seja comum no comportamento da espécie.
"Qualquer uma destas alterações podem ser um sinal de alerta ao produtor. Por isso que é muito importante observar os peixes diariamente", afirma Lima.
Evitando infestações em criadouros

O primeiro passo para evitar que se criem esses parasitas nos criadouros é ter hábitos de boa qualidade nos viveiros. No entanto, caso aconteça de ter algum animal com essa doença. O primeiro passo é realizar uma espécie de quarentena com o peixe identificado.
Além da quarentena, a pesquisadora ainda faz uma série de recomendações que podem colaborar para que os outros animais não sejam contaminados também, como a realização de um manejo apropriado; evitar o estresse da espécie; e também realizar uma alimentação que seja adequada para o animal.
"Uma outra coisa super importante é realizar a análise de água, sempre que possível fazer as correções dos parâmetros; é essencial adotar as boas práticas de manejo", indica.
Como tratar as enfermidades
A primeiro passo para tratar as enfermidades é identificar a causa do problema, buscando qual agente - parasita, bactéria ou fungo - está provocando a proliferação. A pesquisadora explica que há muitos organismos vivos na água e que caso haja um desequilíbrio no ambiente, vai favorecer essas criaturas, e causar as doença nos tambaquis.
"Existem muitos organismos vivos na água e os animais coexistem. No momento que houver um desequilíbrio naquele ambiente, seja por baixa qualidade da água, peixes estressados (baixa imunidade), ocorre uma condição favorável para os agentes patológicos se proliferarem e encontrar um hospedeiro que no caso é o peixe" Cheila de Lima, pesquisadora
Os tanques devem sempre estar em monitoramento para que as doenças e enfermidades não se proliferem e causem uma dor de cabeça maior para os responsáveis. E caso haja a presença das enfermidades, o recomendado é buscar um técnico que possa orientá-lo em como agir.
"Por isso que os tanques de piscicultura devem ser monitorados para evitar as doenças e enfermidades, e com isso evitar o uso de medicamentos. No entanto, se houver impedimentos para identificar a causa, é recomendável que se procure um técnico para orientá-lo e se necessário identificar o agente patogênico e prescrever o tratamento mais adequado".
O consumidor do tambaqui pode ser contaminado?

Ao contrário da grave doença da "urina preta" que uma mulher contraiu após ingerir um tambaqui, as enfermidades não causam riscos a saúde dos humanos. A pesquisadora revela que ainda não há relatos de nenhum consumidor que contaminou-se com a doença.
"A maioria das enfermidades não causam zoonoses, ou seja, não apresentam riscos a saúde humana. Das enfermidades que atualmente vêm acometendo o tambaqui de criação, nenhuma causa riscos aos consumidores".
Apesar disso, os piscicultores devem manter os cuidados, com prevenção e tratamento das enfermidades para que elas não se desenvolvam e possam prejudicar os seus viveiros.
FONTE: EM TEMPO
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